segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Leituras científicas

Um dos projetos da Rede Bibliotecas Escolares (RBE) denomina-se Newton gostava de ler e congrega duas conceções que nem sempre se associam: o conhecimento científico é decisivo para o avanço civilizacional; a biblioteca escolar garante condições para emanar ciência. Este projeto surgiu da colaboração da RBE com a Universidade de Aveiro e criou um programa anual de leitura de livros em que, transversalmente, a ciência está presente, criando pontes e motivações para a realização de pequenas ações experimentais, envolvendo materiais de custo acessível e de replicação simples nas diversas bibliotecas escolares.

O Externato Infante D. Henrique resolveu adotar alguns procedimentos deste projeto. Assim, ao longo do 1º Período realizaram-se “leituras científicas” na nossa biblioteca.
Com base no livro “ As mais belas coisas do mundo” de Valter Hugo Mãe, realizámos sessões de leitura de alguns excertos, como por exemplo “Pensei que uma flor era das mais belas coisas do mundo, porque perfuma generosa o seu lugar e me lembra de quando nos metíamos à conversa com a vizinha e ela se ria e nós também ríamos (…). As flores, aprendi, comem os raios de sol, mais a água e os sais que a terra contém. Comem os raios de sol com bocas especiais.”. Esta história fala de um menino que está constantemente a ser desafiado pelo avô na procura de soluções para os problemas que este lhe propõe, com o objetivo de aprender os mistérios da vida. Certo dia, o menino fica sem resposta quando o avô lhe pergunta: Quais são para ti as coisas mais belas do mundo? 

Após a leitura e reflexão pudemos partir para a investigação. Utilizámos as flores mencionadas no livro e descobrimos alguns dos seus mistérios. Através da extração de pigmentos das pétalas e das folhas verificámos a acidez ou a alcalinidade de algumas soluções, pois os pigmentos das pétalas são bons indicadores de pH. Realizámos a experiência com vinagre, com detergente doméstico, com água da torneira, limpa-vidros e sal.

Esta atividade reveste-se de grande utilidade, pois desperta nos alunos o interesse pela leitura, desenvolve a capacidade de análise e reflexão acerca do texto lido, promove a curiosidade científica, o espirito crítico e a capacidade de síntese. Para além disso, permite a deslocação da ciência para um espaço diferente do habitual, como um laboratório ou o trabalho no campo, e a sua promoção entre prateleiras de livros e mesas de leitura. Esta interatividade proporciona uma abertura na mentalidade dos alunos, que os tornará mais aptos na aceitação da interdisciplinaridade e da importância do relacionamento de várias valências na sua formação integral, bem como no desenvolvimento de capacidades, valores e atitudes. 

Ainda no âmbito deste tipo de leituras surgiu a ideia de ler um texto aos alunos do 1º ano da Escola Básica de Ruílhe. O texto escolhido foi escrito por Alexandre Aibéo e aborda a formação e constituição das estrelas. Não se realizou qualquer experiência, pois a leitura do conto, junto de uma exposição sobre astrofotografia (que decorreu na biblioteca desde meados do mês de novembro até início de dezembro) com as fotografias de Miguel Claro, a divulgação do seu livro, as fotografias das nossas observações astronómicas e a presença de um telescópio foram suficientes para despertar nos meninos o interesse pelo conto, pela ciência e pelo mundo ou “mundos” que nos rodeiam. Foi uma experiência única ouvi-los a falar sobre hidrogénio, sobre o facto de o Sol ser uma estrela e sobre o planeta azul que habitámos. 

Esperamos continuar com estas leituras, pois aprendemos a ensinar e ensinamos a aprender.
















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